quinta-feira, 6 de outubro de 2016

Quando um líder ou um membro nos ofende...


Conversei com uma pessoa dias atrás que comentou sobre um discurso de um líder de sua estaca que a fez se sentir muito mal, relacionado ao tópico maternidade. É que não foi apenas um "puxão de orelha" que incentiva as pessoas a melhorarem suas falhas, mas um incômodo que de alguém apontando o dedo e fazendo um julgamento nada amigável.

Aí você pensa: estaria mesmo falando o que era inspirado ou neste momento exagerou na forma como transmitiu a mensagem e o que deveria ser falado, considerando não apenas os ensinamentos do evangelho, mas suas próprias opiniões pessoais?

Imagem:Freepik
Bom, vou falar de uma experiência que aconteceu na minha família. Foi com minha mãe, quando eu era pequena, e vocês vão entender o que estou falando.

Era conferência de estaca. Eu tinha 2 anos e minha irmã mais velha acho que uns 5 anos, e fomos todos assistir a reunião. Como é normal de pais de crianças pequenas, minha mãe se sentou em um cantinho na lateral, dessa vez perto de uma janela. A sessão iniciou e prosseguia normalmente quando a Autoridade Geral presente - acho que um Setenta de Área - se levantou para iniciar seu discurso. Eu, nos meus curiosos 2 aninhos, não chorava, estava apenas mexendo na cortina da janela, assim, não arrancando e fazendo bagunça, mas mexendo um pouquinho nela, sem incomodar ninguém nos bancos ou fazer barulho.

Mas, por algum motivo, que nunca saberemos qual, aquilo incomodou aquele homem. Antes de iniciar seu discurso, ele falou para todos no microfone ao púlpito que "a mãe da criança que estava na cortina deveria sair porque estava incomodando e atrapalhando a reverência da reunião".

Imagina como minha mãe ficou na hora. Ela queria entrar em um buraco e não sair nunca mais dali.

Bem, apesar de tudo, quem conhece minha mãe sabe que ela não fica sem ao menos fazer nada. Ela pegou suas coisas, me pegou no colo e decidiu não sair da capela pelos fundos, mas passar comigo bem em frente ao púlpito, olhar bem para aquele homem, e deu a volta por toda a capela antes de sair. Sem falar nada, mas assim o fez. E foi para seu carro. E ali ela falou que chorou até o término da reunião. Eu não tenho certeza, mas acho que meu pai era do sumo conselho e estava auxiliando na conferência, e por isso ela acabou esperando até o fim antes de ir pra casa (o que ela queria ter feito bem antes).

Bem, isso deu o que falar. Muita gente veio falar com ela depois, dizendo o quão infeliz foi o comentário, e da forma como foi feito. O presidente da estaca tinha bastante amizade com ela e conversou bastante sobre esse erro. E a própria autoridade geral veio falar com ela, pediu perdão, falou que a amava e muitas outras coisas (mas, falando bem a realidade, na hora, com as coisas quentes, ela não quis muito saber de ouvi-lo), foi difícil.

Felizmente, a experiência passou, a página foi virada, mas minha mãe não desistiu da Igreja por causa disso (ainda bem, aqui estamos). Mas, é fato que a maioria de nós já passou por alguma situação delicada como essas, não? E como mulheres e mães, ainda acredito que a maioria é julgada e constantemente avaliada: do comportamento de seus filhos; da forma como se veste, fala ou age; e pior: parece que vejo muito mais na Igreja do que fora dela (espero estar errada, mas às vezes parece que eu percebo isso).

Eu já tive experiências de certa forma similares à isso. É duro, mas nós aprendemos com essas coisas, crescemos e vemos que podemos superar. Na hora é difícil de lidar, mas acho que faz parte do aprendizado.

O Élder Bednar deu um discurso - que pasmem, já faz 10 anos - maravilhoso e que nunca esqueci relacionado à esse assunto. Esta citação desta mensagem  - E para eles não há tropeço - diz:

"Quando achamos ou dizemos que fomos ofendidos, em geral isso quer dizer que nos sentimos injuriados, maltratados, desprezados ou desrespeitados. Certamente ocorrem coisas irrefletidas, constrangedoras, censuráveis e mesquinhas em nossas interações com outras pessoas que podem fazer com que nos sintamos ofendidos. Todavia, no fundo é impossível para uma pessoa ofender outra. Na verdade, achar que alguém nos ofendeu é fundamentalmente falso. Ofender-nos é uma escolha que fazemos; não é uma condição infligida ou imposta a nós por alguém ou algo''.


Pensei bastante nisso e não tenho e nem encontrei uma fórmula para solucionar casos assim, mas espero que o que eu comentar ajude pessoas que passem por um momento desses.

* Líderes da Igreja são chamados por Deus por inspiração, mas nenhum deles é o próprio Jesus Cristo em pessoa. Todos são imperfeitos. Possuem opiniões que podem estar equivocadas naquele momento. Não significa que você também tem totalmente a razão sempre, mas eles erram assim como qualquer pessoa, são humanos. Também possuem problemas e dificuldades que mal imaginamos, que podem estar pesando muito na vida deles. Um pouco (ou muito) de paciência e empatia pode ajudar a superar.

* Jesus Cristo passou por absolutamente tudo, e conhecê-lo cada dia mais nos ajuda a enfrentar as dificuldades. Podemos sempre contar com a ajuda Dele em todos os momentos, podemos buscá-lo sempre.

* Falar mal do membro ou líder para outras pessoas não vai resolver o problema. Na realidade, acho que pode virar uma bola de neve de fofoca. Você pode até "desabafar" e se aconselhar com alguma pessoa de confiança - como seu esposo ou mesmo o bispo ou outro líder que seja um bom exemplo para você e realmente possa te ajudar - mas se lamentar e falar coisas ruim do ofensor por aí só vai deixar o problema ainda maior.

* Por fim, e o que melhor funciona para mim, sempre que algo relacionado ao evangelho me incomoda - como algo que um líder tenha falado mas que não fico à vontade com isso - eu busco ao Pai Celestial. Oro e abro meu coração para entender se o problema realmente sou eu, ou se houve alguma falha por parte da outra pessoa (o que pode exigir várias orações, momentos de estudo das escrituras, jejum, meditação e o que mais sentir ser necessário). E recebo o alívio - no tempo certo - que precisava, seja por precisar deixar o orgulho de lado, ou seja para me acalmar com algo que eu não deva me preocupar, porque independente da opinião do mundo, a minha está em harmonia com Deus,

Então, sejam as nossas dores, ou de nossos filhos e família, elas podem ser superadas. Não vamos deixar que isso acabe com nossas vidas, mas vamos buscar a felicidade dentro do evangelho, não se baseando em pessoas, mas em nossa busca pessoal e no Espírito que sentimos.



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